domingo, 1 de março de 2009

o momento em que o fogo fica verde

Tive notícias de que o meu grande amigo do peito, o Chiquinho, estava impossibilitado de sair de casa. Numa atitude solidária, fui ao aconchego do seu lar fazer uma visita, a fim também de levar um pouco de conforto para o seu coração aflito.

Não sei exatamente de que mal estava acometido o meu amigo, mas fato é que afetou as suas cordas vocais , que já não eram das mais privilegiadas. Assim combinamos que eu falaria e ele, para me responder, escreveria o que queria me dizer com um lápis na sua caderneta grená. Caderneta essa que se falasse... deixa quieto!

Estamos lá conversando. Para cada sentença quase monossilábica digna de Mário Gomes que eu soltava (conversa de corretor de seguros mesmo, fazer o que?) o meu amigo Chiquinho rebatia com páginas e páginas, levando um tempo para transpor todos aqueles garranchos para o papel. Uma coisa eu devo reconhecer. Chiquinho é mesmo um gênio da raça. Não tenho como discordar dos professores de Literatura Brasileira. Não sei por que cargas de água esse homem ilustre não está na Academia Brasiliana de Beletrismo. E o Paul Rabbit lá... coisas da vida, já dizia o saudoso Milton Mascimento.

A cabeça de Chiquinho fervilhava. Parecia a mente inquieta de George Orwell em pleno período de criação de 1984. Percebiam-se as fagulhas saindo de seus olhos cor de ardósia. Senão, vejamos um dos trechos rabiscados pelo meu amigo:

"Sabe, eu sofri muito com a minha separação da marieta. Um amigo me disse que seria uma boa eu adotar um cachorro, ou comprar um peixe. E foi o que eu fiz, a segunda opção. Fui lá, o seu Manoel enrolou com todo o carinho o peixe no jornal, e eu voltei para casa feliz e contente, logo após botar o troco do peixe no bolso do meu


shortinho.


Chegando em casa fiz o que o bom senso manda, né? Botei o peixe num belo aquário"

Um comentário:

ELENA BARROS disse...

E o q comeu no jantar?