terça-feira, 31 de março de 2009

Otaviano, Otaviano...

O personagem citado estava deleitando-se na praia de Copacabana (na época em que isso constituía uma forma saudável de lazer). Tinha acabado de dar o seu depoimento a uma equipe de reportagem da Rede manchete, que perguntava qual era a sua opinião sobre a dita "invasão" àquela praia feita pelos moradores de bairros menos favorecidos.

Ele estufou o peito e, como um autêntico garotão nascido e criado na Zona Sul carioca, disse que cada um tem que se divertir no seu próprio bairro, ao invés de invadir o território alheio. Falou assim mesmo, usando essas mesmas expressões, tal qual um guepardo na Savana Africana.

O amigo que estava ao seu lado preferiu não emitir uma opinião sobre o assunto, a fim de não se indispor com Otaviano e criar um clima ruim diante das câmeras. Mas foi só a equipe se despedir e ganhar uma certa distância dos dois que Pedro, o amigo de Otaviano, lhe chamou a atenção pelo teor altamente preconceituoso do comentário de Otaviano que ficou para a posteridade. Ao qual Otaviano tevea audácia de retrucar:

"Ah, Pepê, mas convenhamos. Pagamos um IPTU altíssimo, aluguel caríssimo, damos o nosso suor para manter um padrão elevado de vida e poder desfrutar dessas belezas naturais, e vem uma cambada que pega não sei quantos trens e uma miríade de ônibus pra bagunçar a nossa praia. Veja bem, eu reconheço que todos têm o direito de se divertir, mas cada um no seu espaço, morou? Misturar pra quê? Nem a gente e nem eles ganham nada com isso. Eles que fiquem lá na praia de Ramos deles, não é mesmo?

Pedro, sujeito de natureza habitualmente tímida e submissa, discordava com cada palavra proferida por Otaviano, mas, mais uma vez, preferiu abster-se de qualquer comentário, para não se zangar com o amigo. Mas, de si para si, formulava pensamentos da seguinte espécie: "Mas como pode ser idiota quando quer, esse meu amigo Otaviano. Às vezes eu me pergunto por que ainda perco o meu tempo andando cm gente assim".

Poucos segundos após essas declarações polemizantes de Otaviano, ele soltou mais uma pérola, ao olhar em direção à rua: "Lá vem mais uma leva daqueles ônibus suburbanos, esses porta-mulambo." Mas logo engoliu em seco, quando viu que de um desses ônibus desceu a sua esposa, que veio , junto com os 4 filhos pequenos, correndo em sua direção. Pedro riu gostoso, como criança em dia de São Cosme & Damião, e dessa vez não conseguiu ficar calado.

"Acho que os seus mulambinhos vieram te buscar pra você voltar pra tua praia de Ramos, ó Justo Veríssimo!"

segunda-feira, 30 de março de 2009

emocionados

A praga no livro.

Dizeres sinistros na primeira e na última página do livro.

O meu normal é rir desse tipo de coisas, incrédulo que sou. Mas dessa vez pegaram pesado. Prefiro não citar nomes. Digamos apenas que se trata de uma pessoa do sexo feminino, cujas iniciais são VB.

Medinho, sabe?

O que será que tanto atormentou essa cabecinha, para fazê-la escrever aqui nas páginas desse livro? Palavras que aos meus olhos portam-se como um pedido de socorro, aos prantos. Será que isso, seja o que fôr, ainda aflige essa pobre atormentada? E mais, será que ela ainda está entre nós? Depois de quinze anos, segundo a data que aparece nos seus escritos?

Fico até em dúvida sobre o que fazer com esse livro. Apagar com uma borracha Mercur? Devolver o livro no sebo onde o comprei? Não acho que seja uma boa idéia essa segunda opção. Afinal foi uma pechincha. Honoré de Balzac por esse preço, precinho?

Aliás, será que essa urucubaca montezúmica interferiu no preço do livro? Num país católico apostólico "Romântico" como o nosso, nunca se sabe, né?

domingo, 29 de março de 2009

Consolação das siderúrgicas

E nunca mais eu a encontrei. Uma verdadeira pena...

Ela me viu a folhear o libreto do compact disc do Chic Bouarch de Stael, grande baluarte da música húngara. Ela sentou-se ao meu lado no ônibus e demonstrou estar surpresa por eu ser um apreciador da sua música. Disse ser uma entusiasta dos embalos jazzisticos. Fui sincero para com ela. Disse que também apreciava, mas que não era ( e até hoje não o sou) um fanático nem sequer um profundo conhecedor. E assim prosseguimos a nossa curta porém agradável conversa.

Ela já foi logo entregando as suas credenciais. Uma das primeiras coisas que falou foi que não gostava de samba. Essa informação agiu como uma verdadeira rajada de luz em meu coração. Não podia ser melhor. Linda, apreciadora de boa música, e sem aquelas conversas de raiz disso ou daquilo. O único porém foi o fato de ela não dar muita pelota para o nosso velho e mui querido rock and roll. Gostava de Beatles, mas nada que lhe provocasse muito alarde.

Como sempre acontece, ela teve que citar o namorado. Eu disse: forget it. Descemos na Taquara, ponto onde ela desceria de qualquer forma. Normalmente eu desceria no Pechincha, onde resido. Daqui para a frente só posso dizer que nunca folhear um libreto de compact disc me deu tanta alegria e Satisfação.

Não houve troca de telefones, e-mails, orkut, nada. Será que ainda a encontro de novo?

banquete a quem aprouver passar vexames

A sua baixeza, a sua vildade... abundam e assustam a qualquer um que passa. És o terror de todos os transeuntes!

Por sua causa, estou aqui. Neste estado em que atualmente me encontro... um reles poetinha. Mais um chato de plantão, segundo o seu linguajar. Mas, paciência. Se não queres dar um real por estas mal traçadas linhas xerocadas que te ofereço, então não precisas dar.

Provocas tal situação e depois queres sair ileso, são e salvo. Como se nada tivesse acontecido, e - ainda pior, oh, muito pior! - como se não tivesses nenhuma parcela de responsabilidade no ocorrido.

Você age como o Estado que se acha muito bom e caridoso por pagar a minha pensão com a pensão que recebo pelo atual estado em que me encontro. Você me subjuga, humilha-me, transformas-me em um garrancho, em um elemento mau, mau e mal acabado. Transformas-me em um chico buarque qualquer. Um Maracanã sem a folia futebolística, nem um show do Rush em 2002.

você me transforma naquilo que bem queres. Ah, mas e daí se eu fico me sentindo um idiota? Se eu perco o meu resto de dignidade que eu guardava na esperança de compartilhar com os meus filhos vindouros? O que você perde se eu perco até mesmo a coragem de me olhar no espelho? Deixe que as coisas transcorram dessa forma! Não se importe se a vergonha domina o meu ser.

Só posso parabenizar-te. Fazes exatamente o que eu deveria fazer contigo desde o começo da nossa conturbada relação. Deveria fazer jus às minhas costeletas vermelhas.

Durma-se com um barulho desses? Pois o meu sono está pra lá de atrasado...

sexta-feira, 27 de março de 2009

rumos e aprumos

Chora Leblon, chora a Muda, chora a Covanca, chora todo o Rio de Janeiro. Aliás, todo o país, para ser mais exato. O Chico Buarque morreu...

Franscesco Buarque de Hollanda Morelembaum III. O malandro, o romântico, o poeta, o artista no mais amplo sentido da palavra. Nariz de platina, mas um coração de ouro. Poeta de várias gerações, herói de uma hora.

Morreu da mesma forma que adorava levar a sua vida. Foi encontrado na madrugada de ontem (05/06/2008), em uma água furtada em Vila Isabel. Peritos confirmaram que o menino sonhador de olhos de ardósia passou sua última noite numa autêntica bachanalia de jovens mulheres, prazeres etílicos, barbitúricos mil, e o pozinho branco responsável pela constituição metálica das suas vias nasais.

Idealista, não tinha medo de lutar pelas coisas em que acreditava. Tanto é que no já distante ano de 1964 não titubeou em participar, junto a Elis Regina e Gilberto Gil (igualmente saudosos gênios da nossa tão cantada e encantada Música Popular Brasileira) da Passeata contra o uso da guitarra elétrica em nossa música. Bons tempos aqueles...

Parece uma feliz coincidência o local da morte de nosso querido Chiquinho. Vila Isabel, bairro carioca que se notu notório por dois grandes poetas que deixaram belas canções e muitas saudades: Noel Rosa e Martinho da Vila.

Chiquinho, acho que já sabias disso enquanto vivo estava, mas de qualquer forma reforço aqui a afirmação de que nós, todos os brasileiros, somos e sempre seremos seus fãs.

“O homem morre, mas o seu legado para sempre permanece. E muda o mundo a cada vez que é cantado ou sequer citado.” ( Décio Pitinnini)

quinta-feira, 26 de março de 2009

eu espero que não o faça

Hoje vamos falar sobre um assunto sempre presente nas letras de Pete Hamill, o vocalista do Van der Graaf Generator: o meio tempo entre a morte e a reencarnação.

Dia desses senti-me como Duarte, o personagem de José Wilker (o esquisito que satisfaz) na novela Roque Santeiro, cuja versão aprovada pela Censura foi ao ar na tv brasileira em meados dos anos 80.

Como assim senti-me como ele? Simples. Nessa novela Duarte (personagem do esquisito que satisfaz, como já foi citado anteriormente) divertia-se ao ler estórias de cordel falando sobre a vida e morte de Roque Santeiro. O toque de elegância é que o tal do Duarte era na verdade o Roque Santeiro disfarçado, como todos viriam a saber depois, com o desenrolar da trama.

Pois no tal dia ao qual me referi um pouco acima passou pelas minhas mãos um livro espírita que contava a estória supostamente verídica de um rock star viciado que morreu de (adivinhem?) overdose.

Não me senti de forma tão similar ao Duarte pois eu não era o tal rockstar morto. E havia outro fator que me distanciava mais ainda de tal personagem: o fato de eu não transar drogas. Se eu fôr drogado, só se fôr de tanta lucidez. Só assim.

Mas a tal estória era no mínimo hilária. Não me lembro dela com detalhes, mas recordo-me de que o tal rockstar (eles usaram um nome fictício pra esconder a sua verdadeira identidade) de fato penou, comendo o pão que o diabo (aqui neste caso o seu vizinho) amassou.

quarta-feira, 25 de março de 2009

limites rígidos

Coisas da década de 1981 a 1990. Nessa época eu estava na mais do que tenra idade de 8 primaveras. O meu grupo escolar, num rompante de sagacidade cultural, levou a minha turma para algo completamente diferente. Fomos fazer uma visita domiciliar a um dos grandes baluartes da literatura brasileira.

Nossa tia (como chamávamos a professora) recomendou que levássemos gravadores, para que depois fizéssemos um trabalho valendo nota. É sempre assim, não é? Depois que a tia (que não é nem nunca foi irmã da minha mãe ou do meu pai)botou ordem nas suas ferinhas, todas com os shortinhos tão em voga naquela época, naquela agitação infantil de praxe, começamos a, digamos assim, entrevista coletiva. Logicamente que não vou me lembrar agora de quem fez qual pergunta, e nem vou me lembrar de tudo o que foi perguntado. Mas vamos seguir com os trechos que a minha memória permite repassar para vocês:

Q:COMO É ESSA VIDA DE PROFISSIONAL DAS LETRAS, ARTESÃO DE SIGNOS?

A: Olha, por mais clichée que possa parecer, eu tenho que dizer isso. Não tem jeito. É uma coisa mágica, sabe? Num momento estou diante de uma celulóide em branco, e como que num estalo essa mesma folha está completamente preenchida. Com um oceano de letras. E outra coisa muito interessante a se ressaltar, a título de apendice, é essa coisa que a literatura de uma forma geral (tanto em prosa quanto em verso) nos permite, que é essa possibilidade de jogar com a ficção e a realidade. Misturar esses dois mundos num mesmo parágrafo, numa mesma frase.

Q: NA DÉCADA PASSADA TIVEMOS UM PROBLEMA SERIÍSSIMO COM OS CENSORES, NOS PORÕES DA DITADURA. VOCÊ FOI MUITO "TESOURADO" NESSE PERÍODO?

A: Olha, não fui pouco tesourado não. Me surpreende que vocês não precisem de uma lupa para me enxergar, de tão multilado e diminuído que eu fui (risos, só por parte do autor da sentença). Mas, agora falando sério agora, bota aí que de cada vinte crônicas/romances que eu escrevia, uns 2 ou 3 chegavam às ruas. E mesmo assim totalmente adulterados. Foi uma violência que acho que só quem passou por isso pode ter idéia da dor que foi.

Q: "DIRETAS JÁ" É O BRASIL QUE VAI PRA FRENTE?

A: Talvez seja cedo pra esbanjarmos tanta alegria. Esperança, é claro que é preciso ter.Mas só o tempo vai nos dizer o que realmente vai acontecer. Pode ser o fim da corrupção, mas pode ser também que muita coisa continue acontecendo por debaixo dos panos. Ou seja, tudo pode mudar para muito melhor, mas pode ser também o pior dos mundos.

Q: COMO FOI TER UMA DE SUAS OBRAS ADAPTADA PARA O CINERAMA PELO MAIS ILUSTRE GRUPO HUMORÍSTICO DO PAÍS?

A: É sempre uma honra ter uma versão de uma obra sua. Nesse caso, então... Eu adro eles, tenho que confessar isso. Mesmo não sendo um grande entusiasta da indústria televisiva, todo domingo à noite eu assisto o programa deles, e me pego sempre dando risadas gostosas, como um molecote, entre uma propaganda e outras dos lençóis Karsten.

terça-feira, 24 de março de 2009

fagotes de prata

Entrei no avião junto com a minha senhorita, Geralda d'Albery. Para poder apreciar melhor a paisagem, ela escolheu ficar sentada à janela. Eu, logicamente, sentei-me ao seu lado, na poltrona do meio. Sendo um set de 3 lugares. Uma pessoa estranha sentar-se-ia ao meu lado. Quem seria?

Minha dúvida foi sanada poucos minutos após adentrarmos no grande pássaro de aço inox. E não é que se tratava de uma celebridade internacional? Mas não foi com muita alegria que constatei tratar-se dele, o "Júlio Igreja". Sim, isso mesmo, o próprio, aquele que acha que o Roberto Carlos e Edson Arantes do Nascimento são bons cantores (ou seria excesso de educação por parte dele?): Julio Iglesias de la Mancha!

Gegê teve que se segurar para não soltar um gritinho. Na verdade ela estava um tanto quanto confusa. Não sabia se achava isso bom ou ruim. Eu olhei para os céus (nesse caso o teto do aeroplano) e implorei de mim para mim que o meu vizinho de poltrona não resolvesse dar uma palhinha da sua voz.

Estou quase seguro de que foram as três horas mais longas da minha vida. Tal qual um boneco de Olinda, eu olhava para o nosso vizinho de rabo de olho, muy discretamente, tomando conta de cada um de seus movimentos. Se eu fosse um autêntico felídeo, muy provavelmente minhas orelhas estariam bem repuxadas para trás. Eu suava frio cada vez que ele ameaçava abrir a boca. Para a minha sorte ele só o fez três vezes, e mesmo assim para fins não-bélicos: uma vez pra espirrar e duas para emitir um tímido bocejar.

Uma vez que o aeroplano aterrisou em terra estrangeira e descemos, meu rosto readquiriu sua (pouca) cor natural, e pude voltar a entabular diálogos de forma humana e inteligível com a minha Gegê. Mas algo me deixou curioso até o presente momento: o que estaria fazendo Júlio Igreja viajando na classe mais ordinária do aeroplano?

segunda-feira, 23 de março de 2009

interessam?

Nesse curto perído de 7 anos, entre 1962 e 1969, houve uma bifurcação na forma de agir, pensar e ver o mundo dos 4 caballeros de Liverpool, especialmente entre o Beatle Winston e o Beatle James. Essa partida em direções opostas alcançou um arranque em velocidade vertiginosa entre os anos de 1966 e 1968.

Conseqüências disso? Em 1971 o Beatle Ed não estava indo muito bem nas paradas da Suécia. Ou seria da Escócia?

Representaria o Beatle Richard o ponto estático? Aquele que é usado como um ponto de referência, um lugar para onde os outros Beatles poderiam voltar correndo caso achassem que estavam indo longe demais? E, para saber o quando haviam se distanciado do ponto original, será que bastaria simplesmente pegar uma trena e medir a distância entre o Beatle em questão e os pés do Beatle Starkey?

Há gente que ache que o seu sobrenome é Starkney. Muito obrigado de coração, revista Somtrês.

Disse um dos Beatles que se eles tivesse adentrado nos anos 70, acabariam virando uma espécie de Supertramp. E aí eu pergunto com a maior expressão de incredulidade: será?

domingo, 22 de março de 2009

resmas e rusgas

Quem foi que disse que a volta do Deep Purple em 1984 foi algo saudável para o universo da música rock? Das duas uma : ou houve um excesso de inocência por parte da imprensa especializada, ou então é aquela velha estória de empurrar um produto com o prazo de validade pra lá de vencido pra um público consumidor pra lá de deslumbrado, e que aceita qualquer porcaria.

Público esse, aliás, que vem sempre com aquelas frases: “Eles estão com o mesmo vigor físico e musical de 1970”, ou então “Ah, mas eles vão tocar as músicas clássicas”. Meu Deus do céu, durma-se comum barulho desses! Se ao menos fosse um barulho decente...

Eu garanto que isso pode ser perfeitamente explicado (justificado jamais) através da filosofia. Como, com a passagem de alguns anos, um determinado conjunto de pessoas (nesse caso, por coincidência, trata-se ao mesmo tempo de um conjunto musical) que nos deu tantas alegrias passou a nos dar desgosto em nível similar.

Vamos, inicialmente, analisar essa questão através do cerne da rotatividade de pessoas dentro desse mesmo conjunto. Para isso vou ter que fazer uma passagem muito rápida pela história da banda (ou conjunto de indivíduos, ou conjunto de pessoas, ou conjunto musical, como queira).

O Deep Purple anunciou o seu fim em 1976, e oito anos depois anunciaram uma volta triunfal. Nessa volta, estavam compostos pela sua segunda formação, que por coincidência (e apenas coincid~encia, que fique isto bem entendido)é a mais famosa. O que levanta mais uma questão: se eles realmente voltaram por mera paixão pela música, como alegam, então por que fizeram esse retorno justamente com a tal formação “clássica” (subentende-se que foi esse também o line up mais construtivo)? Essa é pra pensar na cama, hein?

Fato é que ian Gillan já não faz uso do seu plexo solar com a mesma magnanimidade e sapiência.Rod Evans, ainda que com um belo trinado e com expressividade na medida certa, pode soar um tanto quanto obscuro para os fãs de Smoke on the Water. E além disso, ainda teve uns entreveros com os outros ex-integrantes ao se apresentar com um Deep Purple fake no começo dos anos 80 ( ou final dos anos 70. Não me recorod bem agora se essa suposta volta foi em 80 ou 81). E David Coverdale a essas alturas do campeonato está feliz e contente com o seu Whitesnake, obrigado. Comentários tais servem para divagarmos sobre outro tópico, a questão das mudanças de indivíduos dentro do grupo.

Chupinhando descaradamente de outros livros que fizeram estudos relacionando a bandas de rock e assuntos filosóficos, levanto aqui a questão: o Deep Purple com a primeira formação seria o mesmo Deep Purple da segunda formação? Ou seria mais correto dizer que se tratam de duas bandas diferentes com o mesmo nome? A tendência natural é concordar precipitadamente com a segunda indagação.

Mas basta pensar alguns segundos para lembrarmo-nos de bandas como os Beatles e o Who (especialmente os beatles), que passaram por mudanças profundas no seu som (e por conseqüência na sua identidade musical) sem para isso ter mudado a sua formação. Claro que levo em conta aqui o período da banda entre 1962 e 1969 – a clássica formação com John Lennon, Paul McCartney, George harrison e Richard Starkey. É lógico que Pete Best e Stu Sutcliffe (gente como Billy Preston, Brian Jones e Eric Clapton foram apenas participações especiais, ok?) tiveram a sua importância na história da banda, mas vamos nos concentrar nos Fab Four para a nossa análise.

Framboesas do garoto chato

Chico Buarque cantando rap? Chico Buarque produzindo rap? Dá pra imaginar uma coisa ridícula dessas? É por isso que eu nem pensei duas vezes. Abandonei o estúdio na mesma hora!

Já pensaram? O Mano Francesco mandando um salve pras comunidades do Leblon, de Ipanema... seria o parceiro perfeito pro querido ( não meu, mas de alguns outros) MC Playboy. Quem não se lembra? Incluam-me nessa lista.

E adianta levantar essa lebre frente aos fãs do fanhoso cantor? De nada adiantaria. Se tivessem que submetê-lo a uma sabatina de perguntas feitas pelos seus admiradores... eu até consigo imaginar o tipo de interrogação que seria feita: “Ó inenarrável Francesco! Qual a praia que mais aprecias e na qual mais gostas de repousar o seu corpo delgado? Arpoador ou Leme?”. Com certeza viria em seqüência uma resposta como: “Para mim todas as praias são como uma personificação (sic) do Paraíso. Aliás, temos que reviver os momentos românticos das serenatas ao luz da Lua!”.

Serenatas em pleno ano de 2008, velho Francesco? Tás brincando? A minha namorada mora no oitavo andar do prédio. No mínimo eu vou precisar de uma guitarra elétrica e de um PA! Qual o romantismo disso?

sexta-feira, 20 de março de 2009

O catálogo da ATCO, 1969

A "ação" se passa em um ristorante a "kilo". Pelo menos assim dizia a tabuleta na entrada de tal recinto. Entra o suposto casal. Veremos logo adiante que é postiço, mas de qualquer forma não deixa de ser um casal. A parte feminina desse casal postiço, totalmente despreocupada com o que quer que seja (muito diferente de seu partner, logo logo veremos por que), fala num tom de voz alto e estridente:

- O que você quer , amor?

Ao qual esse responde com uma sentença inusitada, olhando para os lados e suando frio:

- Eu quero e preciso é sumir daqui, o mais rápido quanto possível for.

Mas não o fez. Continuou dentro do ristorante. Segundos antes de proferir essa sentença o tom de sua pele adquiriu uma miríade de matizes. Talvez haja um exagero aqui, mas uma grosa, com certeza adquiriu. Por absurdo que possa parecer.

E por que isso aconteceu? Essa estranha reação química? Porque ao entrar no ristorante o macho alfa do casal postiço simplesmente deparou-se com a sua namorada de fato.

Ficou pensando ele: "O que posso fazer para resolver essa situação? Digo que ela é uma colega de trabalho que por coincidência saiu pra almoçar no mesmo horário que eu? Não, essa vai ser difícil de colar. Ainda mais depois que essa antinha me chamou de amor. Além do mais, com um mínimo de dicernimento dá para perceber que ela não iria trabalhar com esses trajes".

E continuou nas suas reflexões: "Correr é para os covardes. E a minha mãe não criou nenhum covarde. E como já diziam os Ramones: eu tenho o meu orgulho e defendê-lo-ei".

Por outro lado, e conhecendo a namorada que tem, ele logo se deu conta de que não adiantaria nada tentar explicar o que estava acontecendo. E quanto mais ele tentasse se explicar, pior ficaria a situação.

Como o ser humano de uma forma geral é um eterno recipiente de contradições, uma contradição ambulante, voaram penas nesse momento, simultaneamente a um forte vento e uma centelha de fogo provocada pela forte propulsão.

quinta-feira, 19 de março de 2009

balaustradas gerais

- Qual é a senha? Pra entrar no nosso clubinho secreto?

- Poxa, vou te falar a verdade. Até ontem eu a tinha sempre na ponta da língua. Mas tenho que confessar que realmente olvidei-me dela.

- Então não podes entrar, nenen.

- Mas também , queres saber de uma coisa? Prezo muito uma amizade sincera. Coisa que dizem ser muito rara hoje em dia. Mas, por outro lado, acho que essa coisa de clubinho secreto, a estas alturas do campeonato, é um pouco demais, né? Afinal, todos nós já passamos dos 20 anos.

- Mas e a tradição? A acomodação? Afinal já faz mais de 15 anos que temos esse clubinho secreto...

- Que de secreto nem tem muita coisa, né? Sejamos realistas e pragmáticos. Afinal todo mundo sabe de cor e salteado quem faz parte do clube. Queria você que fôssemos os novos maçãos.

- Não, não precisa chegar a tanto também. Não me agrada muito a idéia de lidar com magia pesada e tocar atabaque.

- Mas quem te disse que os maçãos fazem isso? Na verdade eles se cumprimentam girando o braço em 360 graus, e quando se reúnem pegam uma maleta cheia de arame, bufunfa, e ateiam fogo nela.

- Ah, é? Juro que não sabia disso. Olha como é bom conversar com uma pessoa lida e sabida, mais esclarecida...

- E te digo mais. Se você fosse realmente um mação não poderias jurar. Se o fizesse, apareceria uma mão negra que só voc~e enxergaria, e ela lhe daria um tapa forte na face.

quarta-feira, 18 de março de 2009

O RADICAL LIVRE DO PROFISSIONAL LIBERAL

Estamos conversando com aquele sujeito que veio de muito longe, falando justamente sobre loucuras e escapes. Sobre criar uma realidade paralela com o intuito de sublimar todas as suas ( e não tuas, veja bem) frustrações e desejos reprimidos.

Parece estranho para ti? Dá a impressão de que estou querendo relatar sobre algo referente à minha própria pessoa, mas que estou sem coragem de fazê-lo? Bah, esqueça. Se você acha isso, então recomendo que nem se dê ao trabalho de continuar lendo o restante desta epístola aqui presente.

Eu sou um legítimo representante do que há de melhor na raça humana. Uma pessoa sem defeitos, e sem nada para esconder dos meus (dizem, apesar de eu não concordar) semelhantes. Eu moro na barra da cidade. Não confundir com a Barra da Tijuca. Eu não sou vizinho de Francisco Buarque de Hollanda Morelembaum. Eu não beijo a boca do Caetano Veloso. Eu não sou um daqueles hippies que dançam um forrozinho. Eu estou imbuído de uma paixão pela minha arte e pelos meus ídolos que ninguém mais parece ter nos dias atuais. Eu posso até mesmo fazer chover, se você permitir que eu exerça o meu exibicionismo latente.Eu estou acima de tudo e todos, e ai de quem se meter comigo.

O momento é de sal, não é de açúcar. É de bicarbonato de sódio, e não de essência de baunilha. É de número cinco, e não de número oito. É o caule da planta, e não o parênquima. São os cilindros do motor, e não o virabrequim.Ninguém mais sabe o que é e o que não é, ou então o que é e o que nunca deveria ser. Ou a coisa que não deveria ser. Cuidado que a qualquer momento o frenesi pode te pegar. E o desconforto será imenso.O que logicamente te provocará uma tremenda má sorte.

Tens medo do horror? De bruxas, sacis, lobisomens, boitatás, curupiras, caiporas, animais do Instituto Butantã, mulheres de branco, negrinhos do pastoreio, Ênio e Beto, aberturas antigas do Fantástico, aranhas caranguejeiras, costeletas flamejantes, entre outros? Fica não só a pergunta, mas também instaurado o horror psicológico.

É tomar cuidado com tudo e todos. É não confiar em ninguém, como já diziam os portugueses há muito tempo atrás. E não se pode nem dizer que estamos revivendo os dias da revolução francesa, basicamente por dois motivos: primeiro que um dia só tem vinte e quatro horas, e uma vez que acaba-se a sua vigésima quarta hora, já era. Inicia-se então um novo. E em segundo lugar, não estamos na França, acredite se quiser.

DISSO NÃO TEM NADA

A JUVENTUDE ATUAL, DA QUAL ME EXCLUO COM TODO O PRAZER, NÃO QUER MAIS SABER DE AMOR. AQUELAS COISAS QUE EM PRISCAS ERA CONTITUÍAM, FATO, ERAM COISAS DE PRAXE: OLHAR BEM NOS OLHOS DO SEU PAR E DIZER QUE O AMAVA. VOCÊ PODE ATUALMENTE IMAGINAR UMA CENA DESSAS? EU SINCERAMENTE NÃO.

FOI SE O TEMPO EM QUE PODÍAMOS VER A VIDA IMITANDO A ARTE, AO ENCONTRAR NAS PRAÇAS E EM OUTROS AMBIENTES PÚBLICOS JOVENS CASAIS APAIXONADOS A IMITAR CENAS ROMÂNTICAS CANTADAS EM VERSOS DOURADOS POR PANTEÕES DA NOSSA MÚSICA POPULAR COMO LUÍS MELODIA, LEONI, NICO REZENDE E chico buarque, POR QUE NÃO?

MORREU O AMOR? OU SERÁ QUE ELE SIMPLESMENTE TROCOU A SUA ROUPAGEM, PARA SE ADAPTAR AOS TEMPOS ATUAIS? SERÁ QUE ELE DEIXOU DE SER UM JANOTA BEM TRANSADO, COM O SEU TERNO IMPECÁVEL E SUA CALÇA RISCA DE GIZ? SERÁ QUE ELE AGORA USA CALÇAS JEANS COM O CAIMENTO DE UM SACO DE BATATA? SERÁ QUE ELE SE SENTIU UM EXCLUÍDO NO MUNDO DO "QUERO ISSO PRA ONTEM" E DO "JÁ É OU JÁ ERA"?

TALVEZ EU NÃO TENHA AINDA PERCEBIDO QUE NA VERDADE SOU O ÚLTIMO DOS MOICANOS. MAS QUE EU SEJA, AO MENOS, UM MOICANO AUTÊNTICO, E NÃO ESSES CORTEZINHOS QUE QUALQUER PLAYBOY ESCROTO USA HOJE EM DIA.

É A VELHA ESTÓRIA DO TRANSGRESSOR NA VITRINE DA LOJA, DEVIDAMENTE EQUIPADO COM O SEU CÓDIGO DE BARRAS. É O CAPETA DA NOVA ERA! É A FARMACOPÉIA DOS HORRORES.

É O BRASIL NA ECONOMIA DE ELITE, O BRASIL QUE GASTA. O BRASIL QUE ESBANJA SEM MEDO DE SER POLITICAMENTE INCORRETO.

segunda-feira, 16 de março de 2009

AS ANEDOTAS DO CHIQUINHO

Menino terrível esse nosso miguinho: o Francisco Buarque de Hollando Morelembaum, mais conhecido como Chiquinho.

Chiquinho, como é de seu habitual, passou a noite inteira dedicando-se à suas paixões etílicas, e saiu enxugando todos os bares por onde passou, do Leblon à Vila Isabel. Assim que acabava com os drinks de um bar, seguia na direção que o seu nariz de platina (devido `outra branquinha que lhe deu muitas alegrias e tristezas) apontasse.

Chegando em Copacabana ele encontoru o seu amigo Martinho, que o chamou pra uma feijoada no Copacabana Palace, promovida por um amigo em comum: Francisco Anísio de Paula.

Uma vez dentor do Copa o Chiquinho não deixou barato. Foram pro quarto onde Anísio estava hospedado e botaram o Highway to Hell do Ac/Dc a todo volumen.Alguns padres que estavam hospedados no hotel subiram pra reclamar do barulho, e Chico Buarque de Hollando Morelembaum abriu a porta do quarto e auumentou ainda mais o volume, que ficou ensurdecedor.

Possuído por substâncias ilícitas trazidas por Anísio e Martinho, Chico Buarque de Hollanda Morelembaum pegou emprestada uma serra elétrica e penetrou no quarto vizinho com ela. Os hóspedes do quarto quiseram a todo custo enfiar a porrada no nosso trio maravilha. Apavorados, eles desceram as escadas e foram correndo pra piscina do hotel.

De repente Martinha e Anísio olham ao redor e se perguntam: cadê o Chiquinho? A resposta vem de imediato, com um Rolls Royce que entra a toda velocidade na piscina. E dou um doce para quem adivinhar quem era o motorista, e que perdeu um dente da frente devido ao impacto.

Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso pararia por aí, mas não o nosso chiquinho. Dali ele seguiu a sua peregrinação de bar em bar.

E acordou na casa de um completo desconhecido no Engenho de Dentro. Assim que ele abriu os olhos tentando acordar, a primeira coisa que lhe chamou a atenção foi a poça de sangue formada no chão do quarto. Qual não foi o seu susto quando viu que ess apoça de sangue era sua? E ele percebeu apavorado que estava sem um pedaço de um de seus dedos.

E olhando para o lado da cama, um novo susto: uma criatura imensurável. A partir daí Francisco Buarque de Hollando ficou na eterna dúvida: "Será que naquela noite eu comi o José Eugênio Soares ou a Wilza Carla?"

Há pouco tempo um amigo meu também tomou um susto. Estava ele caminhando distraído na Lagoa quando esbarrou justamente em quem? E que ficou o encarando com os olhos pra lá de marejados, com uma tremenda cara de poucos amigos?

domingo, 15 de março de 2009

o indubitável do inenarrável

Ontem fecharam a minha rua pra que rolasse o bloco de carnaval daqui do bairro.
Eu achei muito legal. Tocaram todas as músicas que eu queria ouvir. Tocaram aquelas marchinhas velhas que sempre ajudam na animação de geral. Depois tocaram as novidades da música baiana. Tocou muito funk, e eu fiz todos os passinhos.
A cerveja tava rolando solta, enchi o caneco mesmo, tava uma maravilha. Boa música, cervejinha gelada sem parar, muita mulher gostosa pra lá e pra cá...
Depois da meia noite começa a tocar música eletrônica. Fiquei maluco. É música pra ficar doidão, né? Me amarrei, o embalo ficou neurótico, alucinante.
Ou seja: dancei, zoei, me diverti por várias e várias horas. E hoje, que é domingo de sol, vou pra praia e só saio de lá junto com o sol. Quer vida melhor que essa?
Amanhã chego lá na loja tirando a maior onda com a rapeize, haha.

Exibindo perfis

Era um artista incomparável . Um performer de mão cheia, daqueles que se entregam de corpo e alma para o público presente, mesmo que esse fosse dos mais apáticos. Para ele uma meia dúzia de gatos pingados já constituía um multidão.

Foi descoberto ainda no final dos anos 60, nas famosas domingueiras dançantes dos subúrbios cariocas. Eram os tempos românticos em que ir da Zona Sul para a Tijuca representava uma verdadeira aventura. Quem diria, né? Aliás qualquer lugar em que gente como Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Francisco Buarque de Hollanda tivessem nojinho de botar os pés era logo taxado de subúrbio. Quem diria, né?

Mas, voltando ao nosso incansável ás da melodia. Nessas domingueiras movidas a muito suor e coração, lá estava ele: impecável e impassível. Alucinado e Alucinante. Ele tocava a sua guitarra e dançava com um gingado impressionante. Conquistava até quem tivesse o mais duro coração de pedra. Você poderia até não ser um apreciador do estilo musical que ele estivesse interpretando, ou talvez achasse os seus trajes por demais escandalosos, mas que ele tinha talento de sobra e um carisma raramente visto... Ah, disso era impossível duvidar...

E o palco para ele era como um imenso pátio de escola na hora do recreio. Ele brincava com o público, brincava com os igualmente excelentes músicos que o acompanhavam, tudo era festa. Podia ser segunda ou sábado. Pra ele não havia diferença. Os dedos deslizavam pela sua guitarra elétrica e tudo era razão para escancarar a sua dentuça na maior das alegrias. Quem viu não podia esquecer, por mais que tentasse. E aí eu pergunto: tentar esquecer? Para quê?

Era óbvio que um artistaço desse não merecia outro destino que não fosse a fama em todo o nosso querido Brasil varonil. E assim se fez. Ascendência meteórica para o topo de todas as paradas. Quantas coletâneas de 14 mais não incluíam pelo menos um de seus vários sucessos? Qunatos casamentos e namoros não se iniciaram justamente por causa dessas mesmas canções? Era um sucesso que desconhecia barreiras sociais. A década de setenta foi dele, e isso ninguém podia negar.

Tudo bem, nas décadas seguintes não conseguiu manter o mesmo sucesso, mas é sempre lembrado com muito carinho e consideração por todos que tiveram o inenarrável prazer de escutar pelo menos uma de suas obras imortais. E imorais, de tão boas que eram!


Hoje em dia elogia desbragadamente o Skank. Quem diria, né?

sexta-feira, 13 de março de 2009

piloto azul no papelão

Falar o que sobre Ataulfo de Paiva? Realmente eu não tenho palavras. Afinal, nem sei de quem se trata. Só sei que seu nome foi usado para batizar uma rua da Zona Sul carioca. Coitado, ainda mais essa... se fosse a Zona Norte ou a Zona Oeste, eu não diria nada, acharia até bom.

Como eu imagino que fosse fisicamente o senhor Ataulfo de Paiva Menezes Schumbelein? Eu o imagino com uma imensa bigodeira, cobrindo toda a sua boca e chegando à metade do seu volumoso queixo de piranha (refiro-me ao peixe de água doce, que fique bem entendido). Devia ser um janota bem transado, cheio do arame. afinal, dar nome a uma rua não é pouca coisa, né? E tem mais. Tudo bem, vamos odiar a Zona Sul, mas temos que reconhecer que é lá que a grana apresenta-se com mais força e impacto. Muy provavelmente essa deve ser uma das razões para desdenharmos tanto esse pedaço de nossa província.

Província? Província sim! São Paulo é uma cidade. Já o Rio de Janeiro é uma província, uma capitania heredtária. Subsiste à base de plantation, cultivo de cana de açúcar em solo de terra roxa, massapê. Quer viajar no tempo? Anos luz em mais ou menos 5, 6 horas? Pegue a auto-estrada em direção ao sul. Só digo isso.

Hoje eu tô um azougue. Impossível.

quinta-feira, 12 de março de 2009

bate daqui e de lá

A mutilação está tomando conta da cidade. Não só da cidade onde vives, mas de todas as cidades num raio de milhões e milhões de quilômetros, em mais de quarenta mil países. Ou seja, metade da civilização cristã. Resistência Latina!
Estará a descaração perdendo terreno para a mutilação? A primeira citada reinou soberana do final dos anos 80 até há bem pouco tempo. Eu só soube disso hoje pois lamentavelmente sou um alienado. Alguns diriam que há muito tempo vivo dentro de uma caverna ou em pequenos vilarejos sem acesso à energia elétrica, quiçá à água potável. Bebendo saliva de ursos? Nah, uma idéia por demais repugnante.
Seria muy tentador fazer um tributo, uma homenagem póstuma à descaração. Ela que ditou os nossos comportamentos por tanto tempo. Eu considero que cada pessoa tem o seu determinado comportamento/temperamento, mas como estou falando de várias pessoas, quiçá de metade da população mundial... e vejam vocês, deu no que deu. O que no início era uma revolução no modo de pensar e de agir acabou se rendendo ao capitalismo pra lá de silvícola, e virou mais uma modinha, como a lambada do fim dos anos 80 e o pirocóptero na metade da mesma. Época de Chico Buarque gravando clipe dentro de um trem em movimento, exaltando as maravilhas do lugar, seja lá de onde for. Nenhuma ilusão merecedora de um Oscar o ajudou. Afinal, você se lembra desse videoclipe? Nem eu.
E a Resistência Latina? Ah, essa foi e é plenamente expressa através de palavrões e palavras de ordem, sendo que muitas vezes um era o outro, e vice-versa, ao mesmo tempo. Vencer pelo cansaço, pela insistência, pela auto-referência, pelo abuso, pelo simples ato de se tirar uma camisa. Pela carniceria. Cada vez que Spinetta desferia um acorde de sua guitarra smi-acústica, isso para mim e para milhares de cidadãos latinos soava (e ainda soa) como a mais pura resistência. Nenhum de Nós pode negar isso. Certo, Thedy? Já para os gringos, os Ianques, os Papa-bacon, isso devia ser uma audácia sem tamanho, maior do que todo o território texano.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O Jorge que te afasta

O ser humano pergunta se é acidente e se tem morto, e só o urubu leva a fama. Não ficamos muito a dever, né? Será que o ser humano ( eu não, estou um passo além disso tudo- e ainda têm a coragem de chamar isso de racionalidade. Ah, se eles te ouvissem mais e melhor, Zezé Mota...), além da "mais que alardeada, a ponto de virar um clichê darwiniano" teoria de que somos filhos do macaco, é também sobrinho do urubu?

E já que estamos no departamento das indagações, o que é cambalacho? Apenas um logotipo com as letras arredondadas? Um Rubber Soul extremamente ridicularizado? Não sou um Jesus pra que ponhas mais um prego nas minhas mãos. prego metafórico, sua zebra. Vá a uma loja de discos dizer que o vendedor tinha que ter todos os discos do King Crimson na loja.

E você? Tem?

Seria Charles Gavin o Charles Darwin brasileiro? Seria o Led Zeppelin o novo Audioslave? Seria o Chico Buarque o velho Felipe Dylon?

Arre!

terça-feira, 10 de março de 2009

Eles e o diabo são amigões

O local e a ocasião de fato não eram dos mais aprazíveis. A sofisticação no ambiente chegava a níveis periclitantes, por assim dizer. Gente com a qual eu não tinha nada a ver, fazendo uma exposição de idéias com as quais eu definitivamente não concorda. Para ser mais explícito, eu estava completamente indiferente a tudo e a todos, e achando tudo um verdadeiro saco, como diz a canção popular.
Apesar de estar definitivamente "fantasiado", como exigia a solenidade, logo descobriram ou pelo menos supuseram que eu era um entusiasta do ritmo jovem, muy provavelmente por causa das minhas longas madeixas. E quando se fala em ritmo jovem um dos primeiros conjuntos que vêm à mente são os THE ROLLING STONES. Dito e feito, como vocês logo perceberão no prosseguir desta narrativa.
No meio desse mundaréu de coroas esnobes havia um que por algum acaso era inglês. E assim foi a sua narrativa, ipsis literis, ou quase isso:

- Você foi nessa última apresentação dos THE ROLLING STONES aqui na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro? Eu fui e fiz questão de ficar bem próximo do palco. Não deixei de ir a nenhum dos shows que eles fizeram aqui na cidade. E te digo mais. Eu já assisti a vários shows dos THE ROLLING STONES desde 1964, quando eu era um jovem rapaz de 16 pra 17 anos, e posso te garantir que eles estão melhorando com o passar do tempo.

Achei que nem valia a pena eu engrossar e dizer que os THE ROLLING STONES só fizeram material decente até 1974, quando da saída de Mick Taylor da guitarra solo do conjunto. Para que? Ele continuaria dizendo que os THE ROLLING STONES eram como galinhas velhas, produzindo um caldo cada vez mais saboroso, e eu continuaria pensando exatamente o contrário.

A melhor forma que encontrei para protestar foi negando-me a comer a sobremesa de manga com colher e guardanapo, como todos os demais presentes naquela cobertura.

Não estava protestando contra o coroa inglês, afinal ele só estava tentando ser simpático. Um tanto quanto a la Ezequiel Neves, mas ninguém é perfeito.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Um dia de cão num mês de cães danados é assim.

273. Diz o contador de senhas. E lá vai o Chiquinho.

- Bom dia - diz o caixa.
- Bom dia. Como vai de família? - diz Chiquinho, tentando forçar uma intimidade nada providencial. O caixa, lógico, faz ouvidos de mercador e puxa para si a conta de luz das mãos de Chiquinho.
- Tu tem gato, né? - diz o moço do guichê a ver o valor da conta de luz do Chiquinho. Meros três reais e trinta e quatro centavos.
- Como você sabe? É um gato persa chamado Sweet Inspiration.
- Não, eu não tô falando desse tipo de gato. Eu digo gato de luz. Aliás, pelo preço dessa conta, não deve ser nem um gato. Deve ser um tigre, uma onça, uma jaguatirica...
- Escuta aqui. Eu ia ficar calado, mas você está me forçando a engrossar. Eu fico quase tr~es horas mofando aqui esperando pra ser atendido e você me insulta dessa forma, com um festival de barbaridades?
- Como é que é? Você tá dizendo que o que eu estou cometendo é uma sucessão de erros?
- Exatamente, meu caro, exatamente. E digo mais. Assiduamente.
- Pois eu tenho uma sobrinha que adora desenhos do Pica´Pau e do Tom e Jerry, e ela os assiste diariamente.

Tirou onda.

-

domingo, 8 de março de 2009

És Analista?

- Só entrego a minha boca para homens mais experientes.

Tomei um susto ao ouvir o meu grande amigo proferir esta declaração bombástica. Eu havia acabado de adentrar o supostamente respeitável recinto. Com muito tato e delicadeza, vi-me obrigado a indagar-lhe:

- Ô, Nestor! Mas que viadagem é essa? De você eu não esperava isso! Apesar de que, pensando bem, esse seu bigode nunca me enganou... hmmm

- Como é , Sandoval? Eu tenho 2 afirmativas para passar-te. Primeiro vamos falar sobre o meu bigode.

- Que fale, ô, Pepe.

- Estou seguindo o grito da moda entre os melhores roqueiros da Suécia. Que fazem o que eles conhecem lá como rock "bigode". É uma garotada nova que geralmente porta bigodes sob o nariz e que fazem um ótimo rock and roll, que não deixa nada a dever às melhores bandas dos anos setenta.

- Bigode explicado, ok. E a parada lá de entregar a boca e tal?

- Ah, então isso é muito fácil de se explicar. Acredita você que ontem eu fui numa clínica dentária, e o dentista que ia me atender estava no primeiro período da faculdade? Aí quando eu soube disso eu me levantei bruscamente e proferi aquela frase. De qualquer forma, é compreensível o seu susto. Entendeste agora?

- Agora sim. Guaraná Coroa, esse eu tomo!

sábado, 7 de março de 2009

areia movediça

Laura Finnochiaro (acho que é assim que se escreve o nome dessa criatura)...é brincadeira... a que ponto chegamos, hein, meus camaradas? Inutilidade sem tamanho. Uma ameba em forma humana, ou quase isso. Alguém aí se lembra da sua apresentação no Rock in Rio II? Infelizmente eu me lembro disso. Infelizmente pois foi uma daquelas coisas das quais a gente deveria se esquecer o mais rápido o quanto for possível. E se por acaso alguém souber ou se lembrar da soletração correta do nome dessa criatura, por favor pode me mandar para cá mesmo em forma de comment, a fins de que eu possa botar o seu nome grafado corretamente na boca do sapo, e em outros rituais de umbanda, quimbanda, e outras sortes de magia negra e feitiçaria pesada e pra lá de carregada.

Eu, por minha vez, farei a minha parte e pesquisarei no Altavista, com o intuito pura e simplesmente de confirmar essas e outras informações referentes a essa artista de gosto pra lá de duvidoso. Inclusive para saber como ela está se saindo nestes dias atuais. Comendo a cavaca que o diabo amassou, espero eu. Assim faço eu votos. Eu sei que teve uma artista que os jornais, logo após ao Rock in Rio II, informaram que havia contraído o infame vírus do HIV. Agora sinceramente não me recordo se foi ela ou não. Adriana Calcanhoto eu sei que não foi. Perdoem a minha inexatidão dos fatos. Afinal, já se passaram nada mais nada menos que dezesseis primaveras e outonos de lá para cá.

Além da calamidade ambulante que era a sua música e suas performances supostamente espirituosas, uma das poucas coisas das quais me lembro é de que ela é proveniente do Sul do nosso imenso e muy qurido brazil, se não me engano da cidade de São Sebastião de Porto Alegre, para ser mais específico. O que deve ser uma grande de uma lástima para essa cidade que jpa nos deu tantas alegrias, e já arrancou tantos suspiros de nossos peitos arfantes e sibilantes. Agora imaginem se a cidade em questão fosse nova Hamburgo? Barbaridade!

abraças o voador

Hoje de manhã bem cedo, enquanto tomava o meu banho matinal, encontrei-me em mais uma daquelas reflexões inúteis e de gosto duvidoso: quem teria menos qualidade musical, o Metrô ( o conjunto musical, não o meio de transporte metropolitano) ou o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens?

À primeira vista esse tópico parece um tanto quanto hediondo, e o fato é que por mais que se reflita sobre o assunto, hediondo ele continua a ser. A que conclusão cheguei pensando sobre o assunto?

A conclusão a que cheguei é que os dois conjuntos (oitentamente falando) são a mesma porcaria. Musical e esteticamente fica difícil saber onde termina um e começa o outro. Mas as pessoas tendem a detonar o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens e elevar o Metrô à categoria de cult pelo fato do segundo conjunto (oitentamente falando) ter interrompido a sua carreira ainda naqueles tempo hoje remotos, enquanto que o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens seguiram em frente, sofrendo a ação do tempo (que não costuma dar refresco para ninguém, muito menos para os músicos populares).

Não estou aqui defendendo o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens. Longe de mim! Quero mais é que eles se explodam. Mas, pensem bem em como estaria o Metrô caso eles não tivessem parado e a vocalista não tivesse posto na cabeça que prefere vender pastel na feira do que voltar a cantar com o conjunto (oitentamente falando). Será que se isso tivesse acontecido haveria bandecas por aí hoje levando cover deles? Quem leva cover do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens? Se vocês souberem de algum conjunto que o faça, por favor não me diga.

Podemos levar essa reflexão para rumos musicais muito mais nobres e relevantes. Por exemplo. Como estaria o Jimi Hendrix hoje em dia? E o Jim Morrison? E o Stewart Sutcliffe?

E digo mais. E se o Chico Buarque tivesse morrido em um acidente de carro na Lagoa em 1968? Pensem na cama em relação a isso.

quinta-feira, 5 de março de 2009

laranjágua

- Então, prossigo. Seguirei entre aspas, ok?

" Comecei a minha gira mundial no Brasil, mais exatamente na cidade de Barretos. Eu estava passeando inocentemente quando vi uma grande tabuleta onde lia-se Vaquerama. associei logo ao gado bovino e , como bom indiano, fui lá ver este que na minha mente seria um festival de exaltação às virtudes desse tipo de gado. Tal como costuma ocorrer em festejos no meu país de origem.

Mas fiquei deveras desgostoso com o que vi. A forma cruel como esses sagrados animais eram tratados. Posso traçar uma semelhnça entre o desgosto sentido por Ravi Shankar em 1967 no festival de Monterrey, em outro país que não é o Brasil, ao ver Peter Dennis Blandford Townshen e James Marshall Hendrix destruindo as suas guitarras sobre o palco.

Fiquei tão injuriado que no dia seguinte a primeira ocisa que fiz foi dirigir-me ao aeroporto para comprar passagens para me livra dessa bárbarie. Viajei para a Espanha. Me arrependi. Pra que?... Ai, ai..."

Ole

quarta-feira, 4 de março de 2009

apepe apepe

- Sabe? Eu não gosto desse você hipotético.

- Como é que é? Você não gosta de mim?

- Não, você não me entendeu. Eu quero dizer desse "você" que as pessoas usam a torto e a direito. Por exemplo: quando você tá perto de entrar de férias você pira.

- Ah, eu piro mesmo.

- Bom, isso é o que eu menos importo. Você me entendeu?

- Sim, sim, eu só estava aproveitando um chiste. Por exemplo: quando você é indiano você tem as vacas como animais sagradas. Acertei?

- Sim, é exatamente isso mesmo. Aproveitando mais um chiste, se você diz isso para mim até soa menos hipotético, já que de fato eu sou indiano.

- Ah, isso é um fato. Mas agora me conte sobre as suas viagens pelo mundo.

- Tudo bem. Abrirei parênteses e contarei na terceira pessoa do singular, como um bom selvagem.

- E se você fizesse essa narrativa na terceira pessoa do plural, como seria?

- Bom, aí eu pareceria o canhoto, que fala através de várias pessoas.

- Entendi. Como o Pelé, o Ringo Starr e Rodolfo García, o baterista da excelente banda argentina Almendra?

- Não esse tipo de canhoto. Usei um eufemismo para me referir ao inimigo.

- Ah, sim, captei.

- Então, prossiga.

terça-feira, 3 de março de 2009

Um chico buarque Qualquer

Você me fez beber cachaça. E também me fez fumar cigarros mentolados, daqueles que deixam um gostinho refrescante na boca.
Você fez com que eu me transformasse em uma antítese de mim mesmo, e não apenas por causa dessas e de outras mudanças nos meus hábitos seculares.
Você brinca com os sentimentos dos outros, e fez exatamente o mesmo comigo. E acha que tudo vai ficar por isso mesmo. Será que vai mesmo? Eu, de todo o coração, adoraria que não.
Você transforma a vida dos outros em pura desgraça com um mero estalar de dedos. Faz com que o coração dessas pessoas palpite em ritmo desesperado, e nada faz para que haja algum conforto e alívio para essas pobres almas.
E agora quer jogar esse mesmo jogo sujo comigo? Ah, mas não vai mesmo! Sinto muito, estás perdendo o seu tempo se pensas uma coisa dessas. Aqui você não encontrará um alvo fácil. Aqui não é o seu lugar. Aqui quem manda é a minha pessoa. Você é uma eterna forasteira neste território hostil. Você tem vinte e quatro horas para deixar esta cidade deserta do meu coração, e nem um segundo a mais.

23:59:59
23:59:58
23:59:57

Começou a minha contagem regressiva. Acho bom você não continuar aí parada. Esta cidade é pequena demais para nós dois. E assim o seria de qualquer maneira, mesmo que fosse a cidade do México e tivesses uma Fuca.

segunda-feira, 2 de março de 2009

vodna postelja

Hoje eu acordei com vontade de comer corvina. Vê se não pensa besteira. Garanto que boa parte desse estranho desejo se deve à tabuleta que eu vi enquanto fazia a minha caminhada matutina em direção ao abate... quer dizer, ao trabalho.

a tal tabuleta mencionava também outras sortes de peixes, mas por alguma razão foi o nome da corvina que mais me chamou a atenção. E é com muita vergonha da minha própria ignorância que eu, garoto criado na cidade grande, devo confessar que nem sei se alguma vez na vida já comi uma corvina. Ou seja, pode ser que eu tenha comido uma no meu almoço na quinta-feira passada e nem saiba.

O dia começou, já está a poucos minutos de terminar, e a conclusão da estória é que eu acabei nem comendo o tal pescado. Isos chega a me deixar até raivoso, com perdão do exagero.

ò, Spinetta! Será que soubeste realmente conduzir com maestria a sua carreira musical ao longo de todos estes anos? Fato é que poucos sobreviveram dignamente aos mal fadados anos 80. Será que você é um dos poucos afortunados? Pergunta-te a ti mesmo antes de dormir, com toda a pompa e pleonasmos a que tiver direito. Y no olvides de cumprar el dyario y tambien dulce de leche.

E tudo vai mal. e aí, neste país nada distante, ond eum pouco de mim ficou, espero ansiosamente para que eu retorne e busque de volta?

Teriam as Diretas Já ajudado a sepultar de vez o bom senso danossa tão alardeada música popular? Hein, Chico Buarque? Olha a horda, rapaz, olha a horda! É bonito isso? Vai pegar um violino ou um cavaquinho e sair por aí de bicicleta na beira da praia? o arrealismo que até a televisão tem pudores de fantasiar. Vocês são piores do que qualquer superstar que vocês mesmos criticam.

Dizer que vocês não valem nem o sal que comem chega a ser delicadeza. Vocês não valem nem o papel higiênico que usam. Depois que ele é usado, diga-se de passagem. Vocês não valem absolutamente nada. Aliás, ficam até devendo. Só assim.

Não pagarás a minha liberdade com rodas de samba, saraus literários e coisas assim. Eu leio Mad. Eu pego vídeo dos Trapalhões no You Tube. Eu escuto rock and roll de verdade. Eu pego duas conduções pra ir a muitos dos lugares aonde tenho que ir, e nem por isso fico choramingando, até me divirto.

E você? Passa do túnel sem que verta um tímida lágrima de tua face?

domingo, 1 de março de 2009

o momento em que o fogo fica verde

Tive notícias de que o meu grande amigo do peito, o Chiquinho, estava impossibilitado de sair de casa. Numa atitude solidária, fui ao aconchego do seu lar fazer uma visita, a fim também de levar um pouco de conforto para o seu coração aflito.

Não sei exatamente de que mal estava acometido o meu amigo, mas fato é que afetou as suas cordas vocais , que já não eram das mais privilegiadas. Assim combinamos que eu falaria e ele, para me responder, escreveria o que queria me dizer com um lápis na sua caderneta grená. Caderneta essa que se falasse... deixa quieto!

Estamos lá conversando. Para cada sentença quase monossilábica digna de Mário Gomes que eu soltava (conversa de corretor de seguros mesmo, fazer o que?) o meu amigo Chiquinho rebatia com páginas e páginas, levando um tempo para transpor todos aqueles garranchos para o papel. Uma coisa eu devo reconhecer. Chiquinho é mesmo um gênio da raça. Não tenho como discordar dos professores de Literatura Brasileira. Não sei por que cargas de água esse homem ilustre não está na Academia Brasiliana de Beletrismo. E o Paul Rabbit lá... coisas da vida, já dizia o saudoso Milton Mascimento.

A cabeça de Chiquinho fervilhava. Parecia a mente inquieta de George Orwell em pleno período de criação de 1984. Percebiam-se as fagulhas saindo de seus olhos cor de ardósia. Senão, vejamos um dos trechos rabiscados pelo meu amigo:

"Sabe, eu sofri muito com a minha separação da marieta. Um amigo me disse que seria uma boa eu adotar um cachorro, ou comprar um peixe. E foi o que eu fiz, a segunda opção. Fui lá, o seu Manoel enrolou com todo o carinho o peixe no jornal, e eu voltei para casa feliz e contente, logo após botar o troco do peixe no bolso do meu


shortinho.


Chegando em casa fiz o que o bom senso manda, né? Botei o peixe num belo aquário"