domingo, 22 de março de 2009

resmas e rusgas

Quem foi que disse que a volta do Deep Purple em 1984 foi algo saudável para o universo da música rock? Das duas uma : ou houve um excesso de inocência por parte da imprensa especializada, ou então é aquela velha estória de empurrar um produto com o prazo de validade pra lá de vencido pra um público consumidor pra lá de deslumbrado, e que aceita qualquer porcaria.

Público esse, aliás, que vem sempre com aquelas frases: “Eles estão com o mesmo vigor físico e musical de 1970”, ou então “Ah, mas eles vão tocar as músicas clássicas”. Meu Deus do céu, durma-se comum barulho desses! Se ao menos fosse um barulho decente...

Eu garanto que isso pode ser perfeitamente explicado (justificado jamais) através da filosofia. Como, com a passagem de alguns anos, um determinado conjunto de pessoas (nesse caso, por coincidência, trata-se ao mesmo tempo de um conjunto musical) que nos deu tantas alegrias passou a nos dar desgosto em nível similar.

Vamos, inicialmente, analisar essa questão através do cerne da rotatividade de pessoas dentro desse mesmo conjunto. Para isso vou ter que fazer uma passagem muito rápida pela história da banda (ou conjunto de indivíduos, ou conjunto de pessoas, ou conjunto musical, como queira).

O Deep Purple anunciou o seu fim em 1976, e oito anos depois anunciaram uma volta triunfal. Nessa volta, estavam compostos pela sua segunda formação, que por coincidência (e apenas coincid~encia, que fique isto bem entendido)é a mais famosa. O que levanta mais uma questão: se eles realmente voltaram por mera paixão pela música, como alegam, então por que fizeram esse retorno justamente com a tal formação “clássica” (subentende-se que foi esse também o line up mais construtivo)? Essa é pra pensar na cama, hein?

Fato é que ian Gillan já não faz uso do seu plexo solar com a mesma magnanimidade e sapiência.Rod Evans, ainda que com um belo trinado e com expressividade na medida certa, pode soar um tanto quanto obscuro para os fãs de Smoke on the Water. E além disso, ainda teve uns entreveros com os outros ex-integrantes ao se apresentar com um Deep Purple fake no começo dos anos 80 ( ou final dos anos 70. Não me recorod bem agora se essa suposta volta foi em 80 ou 81). E David Coverdale a essas alturas do campeonato está feliz e contente com o seu Whitesnake, obrigado. Comentários tais servem para divagarmos sobre outro tópico, a questão das mudanças de indivíduos dentro do grupo.

Chupinhando descaradamente de outros livros que fizeram estudos relacionando a bandas de rock e assuntos filosóficos, levanto aqui a questão: o Deep Purple com a primeira formação seria o mesmo Deep Purple da segunda formação? Ou seria mais correto dizer que se tratam de duas bandas diferentes com o mesmo nome? A tendência natural é concordar precipitadamente com a segunda indagação.

Mas basta pensar alguns segundos para lembrarmo-nos de bandas como os Beatles e o Who (especialmente os beatles), que passaram por mudanças profundas no seu som (e por conseqüência na sua identidade musical) sem para isso ter mudado a sua formação. Claro que levo em conta aqui o período da banda entre 1962 e 1969 – a clássica formação com John Lennon, Paul McCartney, George harrison e Richard Starkey. É lógico que Pete Best e Stu Sutcliffe (gente como Billy Preston, Brian Jones e Eric Clapton foram apenas participações especiais, ok?) tiveram a sua importância na história da banda, mas vamos nos concentrar nos Fab Four para a nossa análise.

Um comentário:

ELENA BARROS disse...

Eles tb consideram a "Snake under water"?