terça-feira, 24 de março de 2009

fagotes de prata

Entrei no avião junto com a minha senhorita, Geralda d'Albery. Para poder apreciar melhor a paisagem, ela escolheu ficar sentada à janela. Eu, logicamente, sentei-me ao seu lado, na poltrona do meio. Sendo um set de 3 lugares. Uma pessoa estranha sentar-se-ia ao meu lado. Quem seria?

Minha dúvida foi sanada poucos minutos após adentrarmos no grande pássaro de aço inox. E não é que se tratava de uma celebridade internacional? Mas não foi com muita alegria que constatei tratar-se dele, o "Júlio Igreja". Sim, isso mesmo, o próprio, aquele que acha que o Roberto Carlos e Edson Arantes do Nascimento são bons cantores (ou seria excesso de educação por parte dele?): Julio Iglesias de la Mancha!

Gegê teve que se segurar para não soltar um gritinho. Na verdade ela estava um tanto quanto confusa. Não sabia se achava isso bom ou ruim. Eu olhei para os céus (nesse caso o teto do aeroplano) e implorei de mim para mim que o meu vizinho de poltrona não resolvesse dar uma palhinha da sua voz.

Estou quase seguro de que foram as três horas mais longas da minha vida. Tal qual um boneco de Olinda, eu olhava para o nosso vizinho de rabo de olho, muy discretamente, tomando conta de cada um de seus movimentos. Se eu fosse um autêntico felídeo, muy provavelmente minhas orelhas estariam bem repuxadas para trás. Eu suava frio cada vez que ele ameaçava abrir a boca. Para a minha sorte ele só o fez três vezes, e mesmo assim para fins não-bélicos: uma vez pra espirrar e duas para emitir um tímido bocejar.

Uma vez que o aeroplano aterrisou em terra estrangeira e descemos, meu rosto readquiriu sua (pouca) cor natural, e pude voltar a entabular diálogos de forma humana e inteligível com a minha Gegê. Mas algo me deixou curioso até o presente momento: o que estaria fazendo Júlio Igreja viajando na classe mais ordinária do aeroplano?

Um comentário:

ELENA BARROS disse...

Ele queria conhecer a Divina Diva do Gererê!!! Não sentiu a maresia vindo de trás do avião?