terça-feira, 10 de março de 2009

Eles e o diabo são amigões

O local e a ocasião de fato não eram dos mais aprazíveis. A sofisticação no ambiente chegava a níveis periclitantes, por assim dizer. Gente com a qual eu não tinha nada a ver, fazendo uma exposição de idéias com as quais eu definitivamente não concorda. Para ser mais explícito, eu estava completamente indiferente a tudo e a todos, e achando tudo um verdadeiro saco, como diz a canção popular.
Apesar de estar definitivamente "fantasiado", como exigia a solenidade, logo descobriram ou pelo menos supuseram que eu era um entusiasta do ritmo jovem, muy provavelmente por causa das minhas longas madeixas. E quando se fala em ritmo jovem um dos primeiros conjuntos que vêm à mente são os THE ROLLING STONES. Dito e feito, como vocês logo perceberão no prosseguir desta narrativa.
No meio desse mundaréu de coroas esnobes havia um que por algum acaso era inglês. E assim foi a sua narrativa, ipsis literis, ou quase isso:

- Você foi nessa última apresentação dos THE ROLLING STONES aqui na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro? Eu fui e fiz questão de ficar bem próximo do palco. Não deixei de ir a nenhum dos shows que eles fizeram aqui na cidade. E te digo mais. Eu já assisti a vários shows dos THE ROLLING STONES desde 1964, quando eu era um jovem rapaz de 16 pra 17 anos, e posso te garantir que eles estão melhorando com o passar do tempo.

Achei que nem valia a pena eu engrossar e dizer que os THE ROLLING STONES só fizeram material decente até 1974, quando da saída de Mick Taylor da guitarra solo do conjunto. Para que? Ele continuaria dizendo que os THE ROLLING STONES eram como galinhas velhas, produzindo um caldo cada vez mais saboroso, e eu continuaria pensando exatamente o contrário.

A melhor forma que encontrei para protestar foi negando-me a comer a sobremesa de manga com colher e guardanapo, como todos os demais presentes naquela cobertura.

Não estava protestando contra o coroa inglês, afinal ele só estava tentando ser simpático. Um tanto quanto a la Ezequiel Neves, mas ninguém é perfeito.

Um comentário:

ELENA BARROS disse...

Eu comeria a sobremesa de manga.