quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

fala ou não fala com ele?

Com vocês, as palavras do seu Manoel da Padaria:

Está lá? Para que não haja nenhuma confusão, quero deixar bem claro que não tenho nenhuma relação com o ator/personagem principal daquele filme "As aventuras amorosas de um padeiro", ou coisa que o valha. Até porque desde que eu era muito miúdo, isso lá pelo início da década de 50, que eu moro nos Estados Unidos d'Mérica. Vim para cá junto com meus quatro irmãos mais velhos e meus pais, senhor João Romão da Gama Silva, e minha mãe, Maria Alcina de Almeida Magalhães Silva.
E devo confessar que nunca saí daqui dos Estados Unidos, a não ser para ir eventualmente a Portugal visitar meus parentes que lá permaneceram.
Assim que chegamos acá, a primeira coisa que meu pai fez foi abrir uma padaria, com a ajuda de minha mãe e de seus cinco filhos, onde inclui-se a minha persona. No começo era uma birosquinha de nada ou quase nada, mas com o tempo o negócio cresceu a tal ponto que abriu filiais em vários pontos da Califórnia, em cidades como Los Angeles e los Gatos. Mas isso já é outra estória.
O que vos interessa saber é que quando eu já era mais mocinho, mais exatamente aos meus dezessete anos, eu estava voltando de uma entrega que fui fazer para o meu pai quando me deparei com uma barulheira infernal vindo da garagem de uma casa que ficava bem no meio do meu trajeto. Eu, ardoroso fã de bandas como os Rolling Stones e Byrds, não pude deixar de atender a esse chamado selvagem e me senti na obrigação de tocar na campainha da casa para travar contato com essa rapaziada prafrentex.
Esperei o intervalo entre uma música e outra para tocar a campainha.
Não demorou muito abriu-se o portão da garagem e apareceu um sujeito fininho de longas madeixas loiras, perguntando se eu tinha ido para reclamar do barulho. Eu expliquei que não, longe de mim. Como eu também era jovem, fininho e cabeludo, a comunicação ficou bem mais fácil do que o usual, e logo fui convidado para assistir ao resto do ensaio. Não demorou para eu descobrir que a banda se chamava Blue Cheer.

Essa é a minha estória.

Um comentário:

ELENA BARROS disse...

Era Blue Cheer ou The Mothers?