segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

mattar

Violãomania era assim.

A família toda reunida na sala da casa. Tocando o violão. Quer dizer, percutindo de forma quase selvagem nas cordas do coitado do instrumento musical. Que mais soava como um instrumento de tortura.

Música que é bom, belas melodias, nada. Quando ele cismava de cantar então, com aquela voz de taquara rachadíssima... Era um tal de arrebentar cordas. Sempre tinha um engraçadinho que, achando que ninguém fosse perceber, fazia o absurdo de prender as cordas com fita durex, das mais ordinárias. Tapear, até taoeava, mas por poucos segundos.

Belo dia, ele cansou de tocar(?) o violão e foi dar um passeio, encontrar seus amigos na rua. Tinha uma guria que era a sua menina dos olhos, e toda vez que ela passava ele suspirava e dizia para si mesmo: "Biscotinho bom..."

Belo dia ele descobre que a tal da "biscoitinho" tava sozinha. Deu aquele afã, aquele ar febril, desenfreado. Cheio de ganas e de dores no coração. Mas infelizmente foi tudo em vão. Quando finalmente a ficha lhe caiu, ele descobriu que ela já estava em outra.

então, possuído pela raiva, ele foi para a frente da sua casa de madrugada, perto do viaduto do Xá da Pérsia, sacou da sua lata de spray Jet, e escreveu em letras que qualquer um que passasse poderia ler:

BISCATONA

E assim termina mais um dia na Boca do Lixo.

Um comentário:

ELENA BARROS disse...

Isso me lembra o quiabo aki de casa tokando belas baladas. Igualzinho.
Mas...não lhe ocorreu fazer serenata pra biscatona?