terça-feira, 7 de abril de 2009

10.000 pés

Naquela época tínhamos apenas dois televisores em casa. Um ficava na sala, que era o aparelho pra "batição", pra toda hora. Uma pequeno televisor "pretibranco", como diriam alguns. No quarto dos meus pais ficava o bom e velho televisor a cores e valvulado. Uma caixa imensa (pelo menos para os meus olhos de petiz) de madeira, que levava o que parecia meia eternidade até que finalmente aparecesse a imagem no seu tubo. Só tinhamos direito de usar esse aparelho em grandes ocasiões, como filmes do Superman e os Vesperais de Sábado da Rede Manchete.

Não era raro uma coisa me intrigar. Vez por outra eu tinha a estranha impressão de que o televisor da nossa sala, o "pretibranco", ficava com uma ou outra mesclados às suas cores básicas de praxe. Às vezes um pouco de vermelho, outras alguns sombreados de azul. Ter que ver todos os meus programas favoritos (que não eram poucos , acreditem) sempre assim, sem as suas verdadeiras cores, era uma verdadeira chateação para mim. Imaginem uma pobre criança com pouco mais de meia dúzia de primaveras, tendo que vibrar e torcer pelos seus heróis sem nem mesmo ter certeza das cores das roupas que eles estão a usar, por exemplo.

Pouco me importaria se a televisão National da casa dos outros estava ou não virando Panasonic! O que eu queria mesmo, do fundo do meu pequeno coração, era que o nosso aparelho televisor virasse um aparelho a cores...

Um comentário:

ELENA BARROS disse...

E hj vc tem um cinema na sua sala!!!!