Teobaldo era novo na empresa, tinha menos de uma semana de casa, mas tinha fixado na sua cabeça aquele velho ditado que diz que o saco do chefe é o corrimão da vida. Assim, nesse pouco tempo de agência ele descobriu, vejam que coisa boa, que o Gerente Geral, o poder máximo do recinto, morava na mesma rua que ele, a poucas casas de distância.
Assim, o que Teobaldo resolveu fazer? Simples: depois de acordar e tomar banho, ele chegava da janela, bem na hora que o Gerentão estava saindo de casa. Então ele prestava atenção na cor da roupa dele e vestia-se com trajes da mesma matiz.
No primeiro dia ninguém reparou. Terno preto e camisa branca, até aí tudo bem. No segundo, terceiros dias ninguém deu muita pelota também, mera coincidência, por que não? Mas chegou uma hora em que a coisa ficou realmente escrachada. E quem resolvesse parar um pouco pra pensar e somar dois com dois logo se lembraria de coisas que Teobaldo falava a torto e a direito em qualquer lugar da agência, na presença de qualquer um de seus colegas de trabalho. Pérolas como essa: "Eu quero é subir de vida, e se pra isso eu tiver que puxar o saco eu puxo mermo, não tô nem aí!"
Maldosamente, alguns de seus colegas de trabalho, ao reparar no efeito "par de jarras" proporcionado por Teobaldo, começaram a levantar suspeitas sobre um affair homo-afetivo entre os dois. Fuxicos pelas costas, é lógico.
Numa dessas manhãs de janela Teobaldo chegou para observar qual a cor da roupa do seu "espelho", na mesma hora cravada em que o "chefinho" sempre saía, e nada. Ele até estranhou: será que o chefe saiu um pouco mais cedo? Mas não era isso, o seu carro continuava estacionado em frente à casa. Resolveu então prestar atenção no movimento da casa, lançando o seu olhar em direção à janela da casa. Não viu seu chefe, mas viu a esposa do mesmo distraidamente se trocando. Isso em si nem chamou tanto a atenção de Teobaldo, pois a esposa do seu chefe estava longe de ser grandes coisas: sequinha, sem graça, sensaborona.
Mas para infelicidade de Teobaldo nem nesse momento o seu olhar se cruzou com o do seu chefe que chegou à janela bem àquele momento. E para infelicidade ainda maior de Teobaldo não teve como disfarçar. E o pior é que nem era uma visão que valesse sequer um décimo da encrenca que ele acabara de arrumar. Sentiu raios a dardejá-lo vindo do seu chefe.
Meu dEUS! O que será que o esperava assim que chegasse à agência? Aliás, valeria a pena pagar pra ver? Tomado por um temor quase irracional, Teobaldo não foi à agência naquele dia. Ficou o dia inteiro em casa relembrando a todo momento aqueles breves segundos do mais puro horror. E assim ele fez no dia seguinte. E no outro. O seu telefone tocava, mas ele não atendia. Tinha medo de que fosse o gerentão querendo uma satisfação sobre aquele mal fadado flerte.
Os dias viraram semanas, meses, e por aí foi. Teobaldo, que sempre zelou muito por uma aparência impecável, bem mauricinho mesmo, deixou-se levar e ficou totalmente desleixado. Não cortou mais o cabelo, deixou a barba crescer ininterruptamente, e depois de vários meses viu que assemelhava bastante àquele cabeludo visionário, considerado o maior sociólogo de todos os tempos.
E bem no espírito da época, Teobaldo saiu de casa apenas com a roupa do corpo, caminhando a esmo, ao sabor dos ventos, até que encontrou outros jovens parecidos com ele, uma verdadeira geração bendita.
Moral da estória?
terça-feira, 5 de maio de 2009
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3 comentários:
moral?
quem cheira muito cu, fica com cheiro de merda no nariz. melhor deixar esses fedores para os fundilhos, não acham?
Análise psicológica da história:
Teobaldo é gay. Nutria uma paixão inconsciente pelo saco de seu chefe e, como o próprio texto nos prova, desdenhava da figura desnuda da mulher do mesmo. Sexualmente reprimido, encontrou-se com os outros cabeludos da geração bendita e deu pros bichos, a bicha.
Moral da história:
Se um outro cabeludo aparecer na sua rua...vá com ele!
E mais:
O sociólogo-vidente é Fernando Henrique, Nostradamus ou Ian Gillan, melhor de todos?
Chupa essa manga e cospe o caroço, se não gostar tanto da fruta...
geremário, não consegui ler seu texto todo, porque ler mais de dois parágrafos me cansa muito, sabe? mas achei o texto muito inteligente, sabe? dá uma passadinha lá no meu blog, é super cult! uhuuuuuuu
beijos!
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