domingo, 3 de maio de 2009

paiol, ô paiol!

Eram dois meninos (que nunca entraram juntos em um vagão, que fique bem claro isso) que se divertiam nas tardes de sábado sintonizando o seu radinho de pilha cheio de estática nas estações de ondas médias, captando sinais de estações de outros países do mundo.

A coisa começou de forma bem inocente, primeiro captando conversas de rádio amador de pessoas da própria localidade. Depois eles começaram a conseguir captar estaçõs de outras cidades, e até mesmo de outros estados da Federação. Até que começaram a captar de outros países. Começou com alguns países com os quais fazemos fronteira, como Uruguai e Argentina. Foi lá que ouviram Almendra pela primeiríssima vez, e só por isso já valeu a experiência.

E depois começaram a captar sinais de países além do Oceano, até mesmo do Japão e, em especial, da Turquia. Lá escutaram gênios musicais como rkin Koray e Cem Karaka. Como se deleitaram com essa música tão diferente das modinhas de viola que escutavam nos luais de fim-de-semana das suas cercanias...

Certo dia, mexendo daqui e mexendo dali, escutaram uns sons esquisitos. Se alguém pedisse para eles reproduzirem seria impossível. Mesmo eles que tinham um conhecimento musical privilegiado ficaram sem conseguir distinguir quais os instrumentos usados nessas músicas. Ao mesmo tempo não conseguiam tirar da estação ou desligar o rádio. Estavam como que hipnotizados. Já estavam há us 40 minutos sintonizados e a música não acabada. Mas também não era algo repetitivo. Era impossível de se explicar o que era. Ravi Shankar perdia. Van der Graaf Generator perdia. E por aí vai.

Passou-se mais de uma hora e meia e a música continuava, sem dar sinais de que ia acabar. Ficou tão tarde que, mesmo contra a sua vontade, os meninos desligaram o rádio e correram para suas casas, sabendo que a vara de marmelo os esperava.

No dia seguinte tentaram sintonizar de novo a tal rádio, mas não obtiveram êxito. Pegaram seus violões e tentaram reproduzir o que ouviram, mas foi impossível. Mas mesmo sem conseguir reproduzi-la para terceiros, os dois meninos nunca mais esqueceram aquelas estranhas notas que ouviram naquela tarde interiorana, através do seu radinho de ondas curtas.

Um comentário:

ELENA BARROS disse...

Duas coisas me intrigam:

1) Pq naum revelar o tipo de som q escutaram

2) Pq sempre 2 meninos? Seria essa uma fixação subconsciente?

Q medooooooooooo...........